domingo, 23 de janeiro de 2011

Papa adverte que adequada preparação matrimonial evita equívocos


Ao receber neste sábado, 22, os membros do Tribunal da Rota Romana, o Papa Bento XVI advertiu a necessidade de favorecer, de modo particular no campo do matrimônio e da família, uma dinâmica de articulação harmoniosa entre o Direito e a Pastoral, cuja relação é tantas vezes objeto de mal-entendidos.  

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.: Discurso do Papa aos membros do Tribual da Rota Romana
Mais especificamente, Bento XVI disse considerar a dimensão jurídica inata na atividade pastoral de preparação e admissão ao matrimônio.
Embora sem ignorar a necessidade dos passos jurídicos que precedem o matrimônio (para verificar que nada se oponha à sua celebração válida e lícita), é contudo “difusa a mentalidade segundo a qual o exame dos noivos, as publicações matrimoniais e outros meios oportunos para cumprir as necessárias investigações pré-matrimoniais, constituiriam práticas de natureza exclusivamente formal”, declarou o Papa.
Há, pois, que “refletir sobre a dimensão jurídica do próprio matrimônio”, pois esta está intrinsecamente ligada à essência deste. Neste contexto, Bento XVI reafirmou quanto recordara já, nesta mesma circunstância, quatro anos atrás:

“Perante a relativização subjetivista e libertária da experiência sexual, a tradição da Igreja afirma com clareza a índole naturalmente jurídica do matrimônio, isto é, a sua pertença, por natureza, ao âmbito da justiça nas relações inter-pessoais. Nesta óptica, o direito entrelaça-se realmente com a vida e com o amor; como um seu dever-ser”.

É nesta perspectiva que há que considerar o ius connubii, o direito a casar-se, que não é uma pretensão subjetiva, mas pressupõe que se possa e queira realmente celebrar o matrimônio “na verdade da sua essência tal como é ensinada pela Igreja”.
Não se nega nenhum direito quando não se realiza um matrimônio por evidente dos pressupostos para o exercício de tal direito. Por outras palavras, “se faltasse claramente a capacidade requerida para uma pessoa se casar, ou então se a vontade se prefixasse um objetivo em contraste com a realidade natural do matrimônio”.

Nesta ordem de ideias, Bento XVI insistiu na importância da pastoral pré-matrimonial, nomeadamente nos contatos pessoais do pastor com os noivos que se preparam para o casamento. “Há que colocar o máximo cuidado na formação dos noivos e na prévia verificação das suas convicções no que diz respeito aos irrenunciáveis compromissos quanto à validade do sacramento.  Um sério discernimento a este respeito poderá evitar que impulsos emotivos ou razões superficiais levem os dois jovens a assumir responsabilidades que não serão capazes de respeitar”, observou o Papa.

O Santo Padre destacou também que “matrimônio e família são instituições que devem ser promovidas e defendidas de qualquer possível equívoco sobre a sua verdade, porque todo e qualquer dano aqui provocado constitui na realidade uma ferida infligida à convivência humana como tal”.

Embora a preparação para o matrimônio transcenda a dimensão jurídica do mesmo, há que “não esquecer que o objetivo imediato dessa preparação é promover a celebração livre de um verdadeiro matrimônio, isto é, a constituição de um vínculo de justiça e amor entre os cônjuges, com as características de unidade e indissolubilidade, ordenado ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole”.

Entre os meios para verificar se o projetos dos noivos é efetivamente “conjugal”, sobressai o exame pré-matrimonial, que como Bento XVI destacou, tem como abjetivo, principalmente jurídico, verificar que nada se oponha à válida e lícita celebração das núpcias.

“Jurídico não que dizer formalista, como se fosse uma mera prática burocrática consistindo em preencher um formulário tendo como base perguntas rituais. Trata-se, isso sim, de uma ocasião pastoral única – a valorizar com toda a seriedade e atenção que se exige – na qual, através de um diálogo cheio de respeito e cordialidade, o pastor procura ajudar a pessoa a situar-se seriamente perante a verdade sobre si mesma e sobre a sua própria vocação humana e cristã para o matrimônio”, explica o Pontífice.

O Papa insistiu no “clima de plena sinceridade” que se exige, em que se deve tirar partido do fato de serem os noivos os primeiros interessados nisso mesmo. Bento XVI advertiu que se pode “desenvolver uma eficaz ação pastoral visando a prevenção da nulidade matrimonial”, interrompendo, assim, um círculo vicioso entre casamentos precipitados e anulações facilitadas.

“Há que se empenhar para que, na medida do possível, se interrompa o círculo vicioso que muitas vezes se verifica entre uma admissão fácil ao matrimônio, sem a adequada preparação e sem um sério exame dos requisitos previstos para a sua celebração, e uma declaração judiciária igualmente fácil, mas de sinal oposto, na qual se considera o próprio matrimônio apenas com base na constatação da sua falência”, concluiu.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Falece em São Paulo, precursora do método Billings no Brasil


Faleceu nesta sexta-feira, 21, às 9h, no hospital São Camilo, em São Paulo, irmã Marta Bering. A religiosa é conhecida em todo Brasil por ser a precurssora do método de ovulação Billings no país. Irmã Marta teve insuficiência respiratória, cardíaca e renal.

O velório terá início às 19h, no Lar Nossa Senhora da Consolação, rua Gravataí, nº 54, Bairro Consolação, São Paulo. Neste sábado, 22, haverá uma missa de corpo presente, às 8h, e logo depois será o enterro no Cemitério Quarta Parada, Rua David Zeiger, nº 450, Quarta Parada, São Paulo.


Irmã Marta nasceu no dia 19 de junho de 1919, em Viçosa (MG). Seus pais Antonelli de Carvalho Bhering e Maria da Conceição Pacheco Bhering (Familia de São Frei Galvão), tiveram cinco filhos.

Em 1940, entrou para a Companhia Filhas da Caridade São Vicente de Paulo, trabalhou como professora e depois como enfermeira em São Paulo, Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Em 1973 trabalhou no hospital São Paulo (atual UNISESP), onde iniciou um estudo sobre o método de ovulação Billings, e a partir de então, foi uma das precurssoras do método no Brasil. Irmã Marta é co-fundadora da Confederação Nacional de Planejamento Natural da Família (CENPLAFAM).
Seus 70 anos de vida religiosa foram dedicados à família e ao ensino do método.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Rosa de Saron no 3º Revo Music

2º Cruzeiro Católico

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Fertilização Assistida: saiba mais sobre questões éticas da técnica

Leonardo Meira
Da Redação, com Arquidiocese do Rio de Janeiro

"Quantos brasileiros sabem exatamente o que é uma fecundação assistida?", questiona o Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Antonio Augusto Dias Duarte.

O prelado também é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). No artigoFertilização Assistida: Reflexões, disponível no website da Arquidiocese, Dom Antonio esclarece questões sobre a fecundação assistida e prega o direito fundamental do ser humano à vida digna.

Ele recorda que, no Brasil, está em estudo um projeto de lei sobre fecundação assistida que busca defender a dignidade da pessoa humana desde a concepção, impedindo tanto o aborto direto quanto o congelamento de embriões restantes das tentativas de geração de filhos. O projeto limita o número máximo de óvulos fecundados a não mais que dois, com imediata e total transferência para o corpo materno, acabando com possibilidade de congelamento e experiências futuras.
"É muito louvável que os políticos brasileiros estejam assumindo essa atitude de proteção de todos os cidadãos brasileiros desde a sua concepção e queiram que eles, uma vez concebidos, se desenvolvam naquele ambiente mais acolhedor e amoroso, que é o corpo materno, e não num recanto de laboratórios de clínicas de fertilidade humana".

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.: Fertilização Assistida: Reflexões 


Ao abordar a recente resolução do Conselho Federal de Medicina a respeito das novas regras sobre o uso da avançada técnica de fecundaçãoo bispo auxiliar diz que é muito positivo o limite colocado para a utilização da técnica "apenas para transmitir a vida e não para clonagem ou experiências com seres humanos, bem como a proibição da redução embrionária, que seria aborto diretamente procurado e, portanto, totalmente ilícito".

Com relação à possibilidade de que casais homoafetivos também pudessem satisfazer os anseios de paternidade e maternidade, Dom Augusto sublinha:
"O desejo de ter filhos em geral é moralmente bom, mas para esses casais apresenta-se uma questão ética complexa do ponto de vista da geração. Necessariamente eles terão que contar com doadores anônimos e estranhos a sua relação homoafetiva, e seus filhos terão só o conhecimento de 50% da sua filiação. Toda geração tem que corresponder à dignidade da pessoa humana e isto só acontecerá com o conhecimento da plena verdade sobre quem são os pais, a fim de que essa relação social fundamental – a relação paterno-filial – fundamente toda estrutura das demais relações humanas na sociedade".

Ele lembra que o desconhecimento de quem são os autênticos progenitores não provém apenas dessa técnica, mas também de outras formas "indignas" de transmissão da vida (estupro, prostituição, etc.), "e certamente elas são a causa de desenvolvimentos psico-sociais inadequados para nossas crianças", agrega.


Finalmente, Dom Antonio defende que toda a pessoa tem o direito a uma vida digna, desde sua concepção até a morte natural, desenvolvendo-se a partir de relacionamentos essenciais sadios, "como são a filiação, a fraternidade e a amizade no seio familiar, levando assim adiante o seu projeto de humanidade".

Papa ensina o que é o purgatório


Leonardo Meira
Da Redação

Bento XVI dedicou a Catequese desta quarta-feira, 12, ao exemplo de vida de Santa Catarina de Gênova, italiana que viveu no século XV.

A santa é amplamente conhecida por sua visão do purgatório, que foi uma guinada na concepção tradicional de sua época. A partir dos escritos que recolhem as narrativas de Catarina sobre o assunto, o Pontífice falou sobre essa realidade espiritual.

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.: Catequese de Bento XVI sobre Santa Catarina de Gênova

"O primeiro traço original diz respeito ao 'lugar' da purificação das almas. Em Catarina, ao contrário [de sua época], o purgatório não é apresentado como um elemento de paisagem das vísceras da terra: é um fogo não exterior, mas interior. Esse é o purgatório, um fogo interior. [...] Sentimos no momento da conversão, onde Catarina sente de repente a bondade de Deus, a distância infinita da sua vida dessa bondade e um fogo queimando dentro de si mesma. E esse é o fogo que purifica, é o fogo interior do purgatório", ensinou.

O Papa acrescentou que, ali, "a alma é consciente do imenso amor e da perfeita justiça de Deus e, por consequência, sofre por não ter respondido de modo correto e perfeito a tal amor, e exatamente o próprio amor a Deus torna-se chama, o amor mesmo a purifica das suas escórias do pecado".
Apesar da clareza do ensinamento de Catarina, Bento XVI recordou que a santa, na sua experiência mística, nunca teve revelações específicas sobre o purgatório ou sobre almas que ali estão se purificando, mas escritos inspirados.

"Santa Catarina ensina-nos que quanto mais amamos a Deus e entramos em intimidade com Ele na oração, tanto mais Ele se faz conhecer e acende o nosso coração com o seu amor. Escrevendo sobre o purgatório, a Santa recorda-nos uma verdade fundamental da fé que se torna, para nós, convite a rezar pelos defuntos, a fim de que possam chegar à visão beatífica de Deus na comunhão dos santos".

Ele também salientou que as mulheres "dão uma contribuição fundamental à sociedade e à Igreja com a sua obra preciosa, enriquecida pela sua sensibilidade e atenção com os mais pobres e mais necessitados".

Da mesma forma, disse que os santos, "na sua experiência de união com Deus, alcançam um 'saber' tão profundo dos mistérios divinos, no qual amor e conhecimento se compenetram, que são auxílio aos próprios teólogos no seu empenho de estudo".

"Não devemos nunca esquecer que, quanto mais amamos a Deus e somos constantes na oração, tanto mais conseguiremos amar verdadeiramente quem está ao nosso redor, quem nos é próximo, porque seremos capazes de ver em toda a pessoa o rosto do Senhor, que ama sem limites e distinções. A mística não cria distância com o outro, não cria uma vida abstrata, mas, mais que tudo, aproxima do outro, porque se começa a ver e agir com os olhos, com o coração de Deus", explicou.

Santa Catarina

O texto que recolhe aspectos da vida e pensamento de Santa Catarina de Gênova foi publicado em 1551 e é dividido em três partes: a Vita propriamente dita, a Dimostratione et dechiaratione del purgatorio [Demonstração e declaração do purgatório] – mais conhecida como Trattato - e o Dialogo tra l’anima e il corpo [Diálogo entre a alma e o corpo]A obra teve como autor final o confessor da santa, o sacerdote Cattaneo Marabotto.

Catarina nasceu em Gênova, em 1447. Foi a última de cinco filhos e ficou órfã de ainda quando pequena. A mãe deu-lhe uma válida educação cristã. Aos dezesseis anos, foi prometida em casamento a Giuliano Adorno, que gostava de jogos de azar.

"A própria Catarina foi induzida inicialmente a cultivar um tipo de vida mundana, na qual, contudo, não chegou a encontrar serenidade. Após dez anos, no seu coração havia um sentimento de profundo vazio e amargura", explicou o Pontífice.

Sua conversão iniciou em 20 de março de 1473, quando, indo à Igreja de São Bento e ao Mosteiro de Nossa Senhora das Graças para confessar-se, ajoelhou-se diante do sacerdote e teve uma visão tão clara de suas misérias e defeitos, bem como da bondade de Deus.

"Dessa experiência nasce a decisão que orientou toda a sua vida, expressa nas palavras: 'Não mais o mundo, não mais pecados' (cf. Vita mirabile, 3rv)", continua Bento XVI. A santa somente aceitou narrar as suas experiência de comunhão mística com Deus na perspectiva de dar-Lhe glória e poder beneficiar o caminho espiritual de outros.

Foi no hospital de Pammatone que ela alcançou vértices místicos e viveu uma existência totalmente ativa, apesar da profundidade de sua vida interior. O próprio marido foi conquistado a deixar sua vida dissipada, tornando-se terciário franciscano e transferindo-se ao hospital para dar o seu auxílio à mulher.

"O empenho de Catarina na cura dos doentes segue até o fim de seu caminho terreno, em 15 de setembro de 1510. Da conversão à morte não houve eventos extraordinários, mas dois elementos caracterizaram toda a sua existência: de um lado, a experiência mística, isto é, a profunda união com Deus, sentida como uma união esponsal, e, de outro, a assistência aos doentes, a organização do hospital, o serviço ao próximo, especialmente os mais necessitados e abandonados. Esses dois pólos – Deus e o próximo – preencheram totalmente a sua vida, transcorrida praticamente no interior dos muros do hospital", citou o Santo Padre.