quarta-feira, 9 de março de 2011

Mulheres santas são personificação do ideal feminino, diz JPII


“A mulher é forte pela consciência [da sua] missão, forte pelo fato de que Deus 'lhe confia o homem', sempre e em todos os casos, até nas condições de discriminação social em que ela se possa encontrar. Esta consciência e esta vocação fundamental falam à mulher da dignidade que ela recebe de Deus mesmo, e isto a torna 'forte' e consolida a sua vocação”. 


Estas são algumas das palavras do Papa Papa João Paulo II, em sua Carta Apostólica Mulieris Dignitatem sobre a dignidade e a vocação da mulher. No documento, o Papa define o papel delas na sociedade e na Igreja. Neste Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o escrito do antecessor de Bento XVI é recordado por toda a Igreja a fim de se perceber a importância feminina no mundo de hoje.
O documento destaca que Deus confia à mulher, de maneira especial, “o homem, o ser humano” e a sua atuação nas realidades sociais e familiares é o cumprimento de sua vocação à santidade. Ao falar sobre a necessidade de um testemunho autêntico, o texto enfatiza a santidade que as mulheres são chamadas a viver e que deve representar a “personificação do ideal feminino” e, assim, ser “um modelo para todos os cristãos”.
A teóloga Tarciana Barreto comenta, a partir das palavras de João Paulo II, a força e a sensibilidade femininas como fontes de mudanças das realidade sociais: “A mulher tem essa característica de firmeza, de fidelidade, até por causa da sua sensibilidade, do seu lado afetivo e intuitivo, e pode dar uma resposta ao mundo contemporâneo”.

Tarciana cita ainda um texto do pregador da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, O.F.M. Cap., em que diz que o mundo entra hoje na “era das mulheres”, na qual a intuitividade, a ternura e a abertura a Deus da mulher podem contribuir de forma vasta na sociedade. “Toda técnica, toda instrumentalidade só geraram guerras, consumismo, o olhar sobre o ser humano como objeto. [Com isso], essa característica da mulher, remida por Deus e iluminada pelo Espírito, seria capaz de dar uma resposta diferente”, explica.

Vocação à virgindade e maternidade
A Carta Apostólica Mulieris Dignitatem trata também do dom de mulher em gerar uma vida nova. Segundo João Paulo II, a maternidade faz parte da essência feminina e ela desenvolve na mulher uma disposição muito mais concreta de servir ao outro. “A maternidade está ligada com a estrutura pessoal do ser mulher e com a dimensão pessoal do dom. (…) Considera-se comumente que a mulher, mais do que o homem, seja capaz de atenção à pessoa concreta, e que a maternidade desenvolva ainda mais esta disposição”, destaca.
futuro beato também é claro ao afirmar que a mulher é participante na geração de um novo ser e que o dom de ser mãe se integra em toda criação divina:
“O ser genitores — ainda que seja comum ao [homem também] — realiza-se muito mais na mulher, especialmente no período pré-natal. É sobre a mulher que recai diretamente o 'peso' deste comum gerar, que absorve literalmente as energias do seu corpo e da sua alma. (…) A maternidade comporta uma comunhão especial com o mistério da vida, que amadurece no seio da mulher: a mãe admira este mistério, com intuição singular 'compreende' o que se vai formando dentro de si”.

A teóloga elucida também que, neste momento do texto, o Papa fala sobre uma “maternidade universal”, pois, mesmo que a mulher não tenha filhos ou não os possa ter, ela comporta esta dimensão por vocação e possui uma fecundidade biológica, moral - por ter o dom de educar os filhos - ou espiritual, como no caso daquelas que optam pelo celibato.
 
No tocante à esta virgindade espiritual, o Pontífice frisa que a maternidade está ligada à virgindade, mas também se distingue uma da outra, quando se faz a opção pelo celibato livre, respondendo a um chamado de Deus:
“Apoiado no Evangelho desenvolveu-se e aprofundou-se o sentido da virgindade como vocação também para a mulher, vocação em que se confirma a sua dignidade à semelhança da Virgem de Nazaré. O Evangelho propõe o ideal da consagração da pessoa, que significa a sua dedicação exclusiva a Deus em virtude dos conselhos evangélicos, em particular os da castidade, pobreza e obediência”.

Tarciana Barreto afirma ainda que, quando a mulher se distancia do dom da maternidade, em seu sentido universal, e se deixa levar por um desejo desenfreado de liberdade, ela acaba se “masculinizando”. “Nós vemos estas tendências feministas, até extremistas, que acabam prejudicando a visão da mulher sobre o seu papel na sociedade, na Igreja e no mundo”, esclarece.

Reciprocidade entre homem e mulher 
“A consciência de que no matrimônio existe a recíproca 'submissão dos cônjuges no temor de Cristo', e não só a da mulher ao marido, deve abrir caminho nos corações e nas consciências, no comportamento e nos costumes”. Neste trecho da Carta Apostólica, o Santo Padre reforça a comunhão que deve existir entre homens e mulheres, nos diversos níveis de relacionamento. Além disso, ele afirma que a “submissão”, conforme mencionada por São Paulo na Carta aos Coríntios (cf. Ef 5,21-25), não é unilateral, mas mútua.
Já no relacionamento conjugal, o texto fala que os maridos devem assumir o “estilo de Cristo” no trato da mulher: “O marido deveria fazer seus os elementos deste estilo em relação à sua esposa; e, analogamente, deveria fazer o homem a respeito da mulher, em todas as situações. Assim, os dois, homem e mulher, atuam o 'dom sincero de si mesmos'!”.
Ao analisar a importância deste documento, a teóloga afirma que o mesmo é um alerta para que o homem conheça mais a feminilidade e vice-versa. “Deus os fez homem e mulher, naturalmente homem, naturalmente mulher, e chamados a essa complementaridade, em que não há desvios, nem preconceitos”, conclui.





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